Às vezes, para
espairecer dos circunlóquios e pedantismo característicos da linguagem
acadêmica com a qual tenho de lidar de quando em vez, nada melhor do que voltar
aos primórdios da civilização quando os instintos pornográficos da linguagem
davam as cartas. No meu caso, nada melhor do que descer pra pracinha e observar
a meninada jogando uma pelada. Em pouquíssimo tempo, o goleirinho que mal
abandonou o cueiro manda o atacante, que acabou de, vexatoriamente, perder um
gol cara-a-cara, “TOMATE CRU”. Em seguida, o defensor do time adversário, no
alto de seu metro e vinte, irritado com o seu atacante, que só reclama e não
aparece para receber a pelota, solta um sonoríssimo “VAI SE PODER”. Outro
resolve encarar o adversário no meio-campo e pergunta em tom entre o sarcástico
e homicida, além de politicamente incorretíssimo, se “TU É DOENTE MENTAL?”.
Outras expressões para mim desconhecidas vêm à baila, e eu, desconcertado, dou
meia volta e vou embora. Há limites para tudo.
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