Depoimento de Guadalupe Francisca:
“Olha, como primogênita felina da família Sant’Anna
Gruman, tenho obrigação de dar um breve depoimento assim como meus irmãozinhos
mais novos, sobretudo depois de ler as confissões constrangedoras daquele
despirocado do Leopoldo, que fica que nem um alucinado, correndo de um lado
para o outro no meio da madrugada, perturbando a paciência, cada vez mais
curta, da Guilhermina, mordiscando seu pescoço, parece até que tomou uma
overdose de Cat Nip (Google, senhores, Google). Seguindo... Não lembro, mas, a
acreditar na mamãe, fui maltratada quando nenê, tenho uma falha na pelagem que
comprovaria a maldade que certos humanos carregam na alma. Cheguei meio
ressabiada, me escondi debaixo do sofá, era arisca, não queria saber de
carinho, desconfiava de tudo e de todos. Mamãe chorou muito porque eu era um
presente de aniversário, ela até pensou em me devolver pra adoção já que não
aguentaria conviver com a rejeição. Aos poucos, fui me acostumando ao novo lar,
meus pais finalmente ganharam minha confiança, apesar de meu bafo ser
insuportável e de ter perdido meus dois “gatinos” (o equivalente felino do
dente canino) de baixo. Sou ciumenta para cachorro (hahaha), quando a Mina
chegou lá em casa eu meti a unha na cara da dona Renata, quase lhe arranquei um
olho. Apesar de ser legalmente da mamãe, sou mesmo é apaixonada pelo meu pai,
em quem dou cabeçadas em busca de carinho, lambidas sôfregas em todo seu corpo
para guardar seu gosto e seu cheiro. Minha pelagem é exuberante, nem ligo ser
uma vira-lata, pareço um legítimo Maine Coon. Por falar em virar a lata, não dá
mole jogando restos de comida na lixeira que eu vou lá e faço uma tremenda
bagunça. Também não resisto a sobras de iogurte e, se quiser me conquistar pelo
estômago, aceito nacos de presunto, mortadela, atum, peito de frango, qualquer
corte de carne bovina, peixe e o céu é o limite. Adoro me aninhar no sofá com
meus pais e meu irmão humano. Bom, por enquanto é isso”.
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