O Ministério da Cultura não é o Leite Moça!

Imaginemos que a Esplanada dos Ministérios seja um grande supermercado com duas prateleiras lotadas de prédios, ou melhor, produtos dos mais variados tipos. Imaginemos que o governo de turno seja um pai ou uma mãe que resolve dar ao filho predileto um vale-compra, o direito de escolher os produtos – ministérios - mais interessantes e de melhor qualidade- com maior orçamento e quantidade de cargos “de confiança”. O filho predileto escolhe os de primeira qualidade, nada de marca própria do supermercado. O filho medalha de prata também ganha um vale-compra, embora de menor valor e que só pode ser usado depois de finalizada a compra do filho predileto. Vai então o filho segundo lugar escolher seus produtos. As prateleiras já estão um tanto vazias, mas ainda é possível selecionar alguns de qualidade superior. O filho temporão, coitado, indesejado porque fruto do azar, de um estouro de camisinha, é agraciado com um vale-compra de valor irrisório, suficiente apenas para a famosa “xepa”, o resto do resto, a sobra, enfim, para os produtos genéricos. Bom, pensa ele, é melhor do que nada, de fome não morro.

Pensei nesta metáfora do supermercado e dos vales-compra observando a situação atual do Ministério da Cultura. Suas atividades correm o risco de serem paralisadas no próximo mês de agosto fruto do brutal corte orçamentário que, embora tendo atingido todas as pastas, teve maior impacto proporcional sobre o MinC – produto genérico e de qualidade duvidosa - devido ao seu já combalido orçamento inicial. O atual ministro que, na realidade, é interino há meses, já deixou claro que não tem intenção de permanecer no cargo e, constrangedoramente, é ignorado pelo Palácio do Planalto em sua demanda. Por fim, soube-se, nos últimos dias, através da imprensa, que o próximo titular da pasta deve ser de um partido – filho temporão - “leal” ao poder executivo nas votações envolvendo a solicitação de abertura de investigação sobre indícios de corrupção do presidente da república.


Resignemo-nos à prateleira dos coadjuvantes. Ser Leite Moça é para poucos. 


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