- Papai, eu sou a pessoa mais tecnológica da família.
É verdade. A geração do Miguel já nasceu online. Até hoje é possível
ver sua foto de recém-nascido no site da maternidade. Ele maneja o celular e o
tablet melhor do que eu, e expressões do tipo “baixar aplicativo” e “bugou” são
corriqueiras. Pediu um celular com chip de presente para o Papai Noel, e que
ele fosse colocado na “caixa surpresa”. A “caixa surpresa” será aberta amanhã, quando
a família Sant’Anna Gruman se reunir na aprazível e civilizada Curitiba, e
Miguel está ansioso porque não tem a menor ideia do modelo de celular que vai ganhar
– ele tem certeza de que vai ganhar um - do bom (mau) velhinho, afinal, em suas
palavras, não especificou se Samsung Galaxy ou IPhone X. Muito chique.
Miguel também pediu que criássemos uma conta no Youtube. Ele
é fascinado por um desses Youtubers que não tem a menor graça, embora
contabilize centenas de milhares de visualizações e, possivelmente, já está
milionário pela divulgação de anúncios nos vídeos publicados. Também é fã de
outro Youtuber que dá dicas de um famoso jogo de estratégia, e que também deve
estar com os bolsos recheados pelo marketing “involuntário” porque há uma
mensagem subliminar nessas dicas, a de que é necessário comprar, em dólares,
claro, armas/personagens mais poderosos para ganhar as batalhas. Não há almoço
grátis, ora pois.
Tentei explicar isso ao membro mais tecnológico da família,
mas ele não levou muito fé na minha argumentação. Sou meio “bobinho” para essas
coisas de computador, foi a sentença definitiva e inapelável.
Recolhi-me à minha ignorância analógica.
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