Há alguns anos, milhares de brasileiros foram barrados no
aeroporto de Barajas, em Madri, e deportados em seguida de volta ao Brasil. As
autoridades espanholas alegavam problemas de documentação, mas sabemos muito
bem que, por trás desta lorota, estava o estigma impingido a todos os
brasileiros, especialmente as mulheres, que, na visão dos civilizados ibéricos,
sonham em fazer um pé de meia como prostitutas. À época, o governo brasileiro
ameaçou usar o princípio da reciprocidade e ocorreram mesmo casos de espanhóis
barrados em aeroportos do nordeste.
Seria interessante se o governo brasileiro, nutrido de um
sentimento de solidariedade a outras nações que, como nosotros, sofrem com a
estigmatização de seu povo, aplicasse o princípio da reciprocidade a cidadãos norte-americanos.
Nada pessoal, os insatisfeitos que reclamem ao bispo. Vento que venta lá, venta
cá. Ou será que só nos mexemos quando o próprio calo dói, não o alheio? Por que
não boicotar empresas norte-americanas? Propor desinvestimentos? Pressionar
onde estes canalhas mais sentem dor, no bolso.
Afinal, nem sempre o final é feliz, como aquele personagem vivido
por Tom Hanks em O Terminal, cujo
passaporte torna-se invalido enquanto voava para Nova Iorque devido a um golpe
de Estado no país de origem, é obrigado a viver sei lá quanto tempo num
terminal em construção e que, happy ending, consegue entrar na Terra Prometida
e viver o sonho americano.
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